segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Neisseria gonorrhoeae

Neisséria gonorrhoeae ou Gonococo é uma bactéria da família Neisseriaceae. É um diplococo gram-negativo,não flagelado, não formador de esporos,não hemolítico, aeróbio ou facultativamente anaeróbio que habita o trato respiratório superior do Homem, sendo responsável pela gonorreia - doença sexualmente transmissível, com formato de rim. Este agente patogênico pode ser classificado em 5 tipos coloniais (dependem da produção de fímbrias pelas células), sorotipos e auxotipos. Estas classificações são importantes para a compreensão da epidemiologia e da virulência da espécie. É oxidase positiva, catalase positiva, é sensível a ambientes secos ou ácidos gordos, exige cisteína para o seu crescimento e não apresenta uma verdadeira cápsula polissacarídea.

Doenças

  • Gonorreia
  • Oftalmia "neonatorum"
  • Gonorreia ano-rectal;
  • Faringite.

Factores de virulência
As colônias T1 e T2 estão associadas à virulência, apresentando os seguintes factores:
Proteínas externas da membrana: OMP-1 e OMP-2, com a função de porinas;
1Pilli - que gozam de conversão antigênica e variação de fase, e que intervêm na adesão e colonização dos tecidos (a OMP-2 também ajuda nesta função
Toxinas LPS (lipooligossacarídeo)2 e outras Endotoxinas;
Enzimas: protease IgA e beta-lactamasez.
A virulência pode ficar comprometida caso o microrganismo sofra alterações estruturais de superfície.

Patogénese
A Neisséria gonorrhoeae invade células epiteliais não-ciliadas, multiplica-se em vacúolos intracelulares. A LOS desencadeia a produção de TNF-α, levando à destruição tecidular. Se a infecção não for tratada, vai persistir e levar à inflamação crônica que se manifesta como fibrose. Esta fibrose pode levar à esterilidade, à destruição articular e à cegueira.

Epidemiologia

O único hospedeiro do gonococo é o homem. No adulto, a infecção sempre é transmitida durante o ato sexual. A gonorreia ocorre frequentemente em indivíduos dos 15 aos 24 anos.São "grupos de risco" os seguintes: contatos sexuais com indivíduos afetados, toxicodependentes, adolescentes com atividade sexual precoce e múltiplos parceiros sexuais. O risco de infecção de uma mulher após ter contacto com homem infectado é de 40 a 60%, enquanto que o risco de infecção de um homem após ter contacto com mulher infectada é de cerca de 20%.

Quadro Clínico
No Homem, em 95% dos homens infectados a sintomatologia é aguda, ocorrendo inflamação genital restrita à uretra (uretrite aguda), com formação de um exsudado purulento, e que é acompanhado de disúria. Em casos raros, a infecção pode-se estender para a próstata, epidídimo e vesículas seminais. Na Mulher, a principal forma clínica é cervicite, ocorrendo inflamação do colo uterino, leucorreia vaginal, disúria, dor abdominal, infecção genital ascendente que pode levar a salpingite, abcesso tubo-ovárico e doença pélvica inflamatória. Finalmente, em casos mais graves, a infecção pode-se disseminar, traduzindo-se em bacteriemia, infecção cutânea e articular. Sendo assim mantendo os cuidados necessários.

Diagnóstico laboratorial
Para diagnóstico laboratorial, o produto a ser recolhido é o exsudado uretral, que é submetido a exame microscópico direto, recorrendo à coloração de Gram. A detecção é mais fácil no homem no que na mulher. Se o Gonococo se encontrar dentro de neutrófilos polimorfonucleares, trata-se de uma infecção aguda, se se encontrar no exterior, trata-se de uma infecção crônica. Se o resultado der negativo e o doente for assintomático, deve-se realizar um exame cultural, que desempenha aqui um papel primordial. Devem-se usar meios seletivos e ter em conta que os Gonococos são frágeis. O exame serológico não tem interesse. Já os exames moleculares como o PCR e a detecção direta do microrganismo por meio de sondas comerciais permitem obter um resultado rápido, não permitindo porém monitorizar a resistência aos antibióticos.

Tratamento
Como antibioterapia de primeira linha, é frequente a administração de ceftriaxona, cefixima ou fluoroquinolonas. Em caso de inflamação mista com Chlamydia, recorre-se à ceftriaxona com doxiciclina ou azitromicina.3

Vacinação
Não há nenhuma vacina eficaz devido à diversidade antigênica do gonococo.

Quimioprofilaxia
É ineficaz, excepto do tratamento da oftalmia neonato rum. Esta doença é tratada com aplicação tópica de nitrato de prata a 1%, tetraciclina a 1% ou eritromicina a 1%.

Medidas comunitárias
Deve fazer-se uma abordagem educacional a este problema e um seguimento dos contatos sexuais, porque a gonorreia não é uma doença insignificante. A infecção crônica pode levar a esterilidade, e a infecção assintomática prolonga o reservatório populacional da Neisséria, levando a que mais gente possa estar exposta ao agente.

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