Somando-se
a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente
impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu
gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido pelo
gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde
livremente para o meio extracelular.
Em repouso: canais de sódio
fechados. Membrana é praticamente impermeável ao sódio, impedindo
sua difusão a favor do gradiente de concentração.
Sódio é bombeado ativamente para
fora pela bomba de sódio e potássio.
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Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de
potássio na mesma proporção,
estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e
extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as
faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas.
O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio e
potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior
da membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a
membrana está polarizada.
Meio interno
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Ao
ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável
ao sódio (abertura dos canais de sódio). Como a concentração
desse íon é maior fora do que dentro da célula, o sódio
atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de
sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta
inversão vai sendo transmitida ao longo do axônio, e todo esse
processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos
nervosos ou potenciais de ação são causados pela
despolarização da membrana além de um limiar (nível crítico
de despolarização que deve ser alcançado para disparar o
potencial de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em
tamanho e duração e não diminuem à medida em que são conduzidos
ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração
fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um
neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar e,
então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os
potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada".
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Meio
externo
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Imediatamente
após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra
nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um
grande número de íons sódio se difundiu para o interior. Essa
positividade determina a parada do fluxo de íons sódio para o interior
da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente impermeável a
esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao
potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração
desse íon no interior, muitos íons se difundem, então, para o lado de
fora. Isso cria novamente eletronegatividade no interior da membrana e
positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo
qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização
normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização,
propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a bomba de sódio
bombeia novamente os íons sódio para o exterior da membrana, criando um
déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se torna
temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade
excessiva no interior atrai íons potássio de volta para o interior (por
difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças iônicas
de volta aos seus níveis originais.
Para transferir informação de um ponto para outro no
sistema nervoso, é necessário que o potencial de ação, uma vez gerado,
seja conduzido ao longo do axônio. Um potencial de ação iniciado em uma
extremidade de um axônio apenas se propaga em uma direção, não
retornando pelo caminho já percorrido. Conseqüentemente, os
potenciais de ação são unidirecionais - ao que chamamos condução
ortodrômica. Uma vez que a membrana axonal é excitável ao longo de
toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem decaimento.
A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo do
axônio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente
do potencial de ação, o que, por sua vez, depende de certas
características físicas do axônio: a velocidade de condução do
potencial de ação aumenta com o diâmetro axonal. Axônios com menor
diâmetro necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar
do potencial de ação. Nesses de axônios, presença de bainha de mielina
acelera a velocidade da condução do impulso nervoso. Nas
regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização
"salta" diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo
em toda a extensão da região mielinizada (a mielina é isolante).
Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento
da velocidade do impulso nervoso.
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